sábado, 17 de março de 2012

Juiz Henrique Baltazar confirma crime organizado

Um dia após o secretário de Justiça e Cidadania, Fábio Hollanda, revelar informações do Ministério da Justiça que comprovam a atuação do Comando Vermelho no Rio Grande do Norte, o juiz de Execuções Penais, Henrique Baltazar Vilar dos Santos, confirmou o perigo que ronda o Estado. “Eu soube através de informações oficiais do Ministério da Justiça que como o Comando Vermelho está aqui e é necessário que se tenha cuidado”, disse Hollanda à TRIBUNA DO NORTE. De acordo com Henrique Baltazar, um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) alertam as autoridades do RN a tomarem providências de combate aos criminosos organizados e de proteção aos seus servidores. “O relatório apontou que o crime organizado está instalado aqui e traz grande perigo”, disse Baltazar. A entrevista com o juiz de Execuções Penais ocorreu durante manhã de ontem no hall de entrada da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta. Henrique Baltazar se encontrava no local devido à realização de audiência com detentos.
Ele foi instigado a comentar as declarações de Fábio Hollanda, concedidas na quinta-feira passada à TRIBUNA DO NORTE. “Ele reafirmou o que venho falando do Sistema Prisional e os seus problemas”, afirmou. O magistrado comentou a informação da atuação da facção criminosa carioca Comando Vermelho no Rio Grande do Norte. Henrique Baltazar baseou as declarações em um relatório produzido pela Abin e pelo Depen; o documento foi enviado em 2011 para a Governadoria, Sejuc, Secretaria de Segurança e uma cópia para o juiz de Execuções Penais. De acordo com o juiz, a atuação dos criminosos envolvem advogados, apenados e até servidores públicos. “As informações estão lá. O Estado opta por omiti-las para não precisar agir”, declarou. Baltazar esclareceu que também existe a tese de que o Executivo prefere não divulgar por crer que estaria fortalecendo essas organizações. Segundo informou o magistrado, ações da Polícia Federal e da Polícia Civil, através da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), ocorreram no ano de 2010 e 2011. “A PF informou à Polícia Civil das ações dos grupos criminosos. A Deicor realizou operações que deram resultado”, disse.
Risco às autoridades
O relatório da Abin, segundo o relatado pelo juiz Henrique Baltazar, também traz advertências quanto a proteção de autoridades. O magistrado esclareceu que prefere não pedir serviço de escolta. “Já tive escolta em ocasiões esporádicas. É algo incômodo você ter uma pessoa vivenciando o seu cotidiano a todo momento. Mas considero necessário o serviço, principalmente para os secretários de justiça e o de segurança”. Baltazar falou sobre a deficiência do Tribunal de Justiça do RN em oferecer proteção aos juízes. Não há polícia própria, e o TJ fica dependente dos policiais militares. “É uma questão delicada. Colocar policiais militares para escolta significa tirá-los da rua. Mas, ao mesmo tempo, o TJ não possui orçamento para a criação da sua própria equipe de polícia”.
Fonte:  Tribuna do Norte

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