O jornalista Carlos Magno Araújo, escreveu artigo que foi publicado no Novo Jornal
que circula em Natal, sobre as últimas notícias divulgadas sobre o caso
F Gomes. Em suas palavras, ele relata como o jornalista caicoense era
empenhado em anunciar fatos e denunciar o crime organizado instalado na
região.
Confiram:
F.Gomes
Somente quem conheceu de perto o jornalista F. Gomes tem
a dimensão exata da covardia que representou o seu assassinato,
à queima-roupa, na calçada de casa, enquanto coversava com amigos, na
noite de 18 de outubro de 2010. Repórter policial 24h por dia, ele fugia
do i gurino clássico. Ter se tornado notícia, de forma tão cruel e
covarde, parece ironia para quem viver cobrindo esse tipo de notícia.
Não era repórter do tipo “porta de cadeia”, o que registra até
queda de bêbado, como se diz no jargão das redações. Experiente na
função, desenvolveu maneira própria de fazer a seleção natural dos
temas. Era amigo de “polícia” e conhecia bandidos, de tanto cobrir o
setor.
Tinha um companheiro inseparável no cumprimento das pautas. O
fotógrafo Joanilson Araújo fazia questão que assinassem suas imagens
simplesmente como…“Saci”. Nunca explicou o por quê. Tinha de ser,
sempre, Saci. Está em Caicó, imagina-se. Mais do que qualquer outro
colega, foi quem mais sentiu o golpe com a morte jornalista.
F. Gomes era de falar baixo, baixíssimo até. De excelente
trato, humilde, era um cara que aparentava tanta tranquilidade que
até para começar uma discussão com ele era preciso, antes de mais nada,
pedir-lhe desculpas.
Surpreendia, aos colegas da capital, que numa cidade bem menor,
como sua Caicó, ele fizesse as duras matérias que fez, denunciando
tráfico de drogas, sindicatos do crime, assaltos e todo tipo
de bandidagem, fossem quem fossem os envolvidos. Tinha um programa na
rádio que era o de maior audiência na região. E não acreditava que
pudesse ser morto por causa do trabalho que realizava. Nesse quesito,
tinha a imprudência dos corajosos.
Causa indignação saber que sua vida foi cotada a R$ 10 mil.
Pior ainda: que, segundo as investigações da polícia, a morte foi
tramada e executada por um grupo que reunia oficial de alta patente da
PM, advogado e até pastor religioso. Para aqueles que o conheciam mais
de perto, a dor é bem maior ao constatar que o mundo, privado da
presença de um colega como F. Gomes, é obrigado a conviver com corruptos
de colarinho branco, com policiais que se misturam à bandidagem e com
advogados que se assemelham a marginais.
O trabalho feito pela polícia é parte do processo. Resta ainda
a conclusão, com o julgamento dos acusados. Não somente os inú-meros
colegas de F. Gomes, mas toda a sociedade aguarda o desfecho desse
episódio. Aceitar menos que a punição exemplar de todos os
comprovadamente envolvidos será permitir que cada proi ssional de
imprensa seja igualmente agredido. A impunidade será, além de
vergonhosa, inaceitável.
fonte Sidney Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário